...eu estou bem. Bom...dentro do possível, como calculas, que os tempos não estão de feição para quem quer que seja, ou pelo menos para uma grande maioria. Mas tu é que estás na mesma! Não nos víamos há quanto tempo? Vai para uns trinta anos, não?. É pá! isto passa tão rapidamente que até assusta; parece-me que foi ontem que me dizias: "Vou casar, Mário!" e eu estupefacto pois não te conhecia nenhuma mulher, aliás, se bem me lembro, namoraste uma ou duas miudas até essa altura e nada de significativo...E tu, com enorme à vontade, esclareceste que a tinhas conhecido por anúncio no jornal. Durante uns momentos nem sabia o que te havia de dizer, pois nunca me passou pela cabeça que um amigo de infância fosse casar "por procuração" como se dizia naquela altura. Natural era o pessoal conhecer-se ao vivo e a cores, gostarem-se, amarem-se ou apaixonarem-se (que a terminologia ficava ao gosto de cada um...) e juntarem os trapinhos. Mas tu resolveste o meu embaraço argumentado que não tinhas feitio para todo aquele "percurso" que envolvia namoro, conhecimento de familiares, noivado e por fim o casamento; foi ela que respondeu ao anúncio que colocaste no jornal, encontraram-se e... assunto resolvido ! E...tiveste filhos?, ela -Isaura, era assim que se chamava, não era?, está bem? o casamento perdura?. Ó pá, ainda bem que está tudo bem convosco! fico satisfeito por saber isso. Eu? Mas claro que me casei embora um pouco depois de ti; um ano após teres ido para a Alemanha. Sim, também tenho filhos; um de cada um dos quatro casamentos que já tive... Ora, tu sabes bem que eu nunca me casaria com uma mulher se não estivesse apaixonado por ela. Pois... também tenho de ir andando. Dá um beijo à ...Isaura, é isso. Não, não vale a pena saberes o nome da minha actual mulher; é que estamos em vias de nos divorciarmos, percebes?. Dá cá um abraço! havemos de nos ver por aí um dia destes...